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sábado, 15 de setembro de 2018

O Amor de Filira e Cronos


Eu sou o excesso, em sentimento e profundidade
As minhas águas se movimentam além do necessário
Mas as minhas tristezas são absolutas, um pântano
De aparente quietude, melancolia tenebrosa diluída em solidão


Eu sou o exagero, lullabies de amor, trovoadas de fúria 
Relâmpagos de sentimentos no olho do furacão
As ondas de qualquer maremoto violento são de minha autoria
Radiografia obcena da minha própria personalidade volátil


Eu sou a intensidade, claro – escandaloso, escuro – lúcido
A minha estrutura – antagônica - não cabe em satélites, em anéis
Minha psiquê planetária, dicotomias de Marte e Plutão
A guerra me alivia, a morbidez me lucidesse


Eu sou a demasia, de sonhos – crus- e realidade – volúveis-
Afogo-me dentro da minha própria liquidez transbordante
Sufoco-me com vômitos de sensações, envolvimento erótico
Respiro o dióxido de carbono da superfície imaginária do seu ser


Eu sou o exacerbo, a sensualidade antagônica dessa melancolia
O ítrio instável, inflamável na sua atmosfera gasosa
Contorno-me com meus fios rubros nos riscos finos, seus braços
Arrombo, abrindo espaço para me encolher na sua caixa torácica


Eu sou a sofreguidão, a carne tenra fumegando com temperos
Pimenta, noz moscada, sal, cominho, alecrim e canela
Um caldeirão escuro na brasa, estalando a madeira de aflição
Borbulhando de saborosa volúpia, lânguida de afrodisia


Eu sou o extremo, a intemperança de desejos, glutonaria apaixonada
Minha alma desregrada, caótica se silencia em dor fibromiálgica
Contorciono-me outrora em resistência contra as suas letras digitadas
Me desespero para conter-me diante do seu sotaque musicado


Mas entrego-me, pois sou a exorbitância, voracidade inquieta
Intangível à luz da razão, faminta de sentimentos
Contorciono-me agora ao alcance do contorno volumoso dos seus lábios
E carbonizo etérea nas linhas fálicas para desfalecer: em cinzas de lembranças



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